"Plantas, Trocas e Encontros: A 'Synopse Explicativa das Amostras de Madeiras e Drogas Medicinaes' de Friedrich Welwitsch" & "Em busca do corno do unicórnio: consumo de cornos de rinoceronte e produção de conhecimento na Monarquia Hispânica"
[Online]
18 December 2020 · 13h30
ABSTRACT (In Portuguese)
Plantas, Trocas e Encontros: A Synopse Explicativa das Amostras de Madeiras e DrogasMedicinaesde Friedrich Welwitsch
Sara Albuquerque (IHC-NOVA FCSH-Pólo da Universidade de Évora) |
Na Synopse Explicativa das Amostras de Madeiras e Drogas Medicinaes estão descritos “objectos” coloniais provenientes de Angola que estiveram expostos na secção portuguesa durante a Exposição Internacional de Londres em 1862. No entanto, a Synopse não se trata somente de uma lista de “objectos” de história natural. Publicada por Friedrich Welwitsch (1862), compila os usos e costumes relacionados com a flora de Angola e reflete alguns casos de “cross-cultural encounters” que permitiram a aquisição do conhecimento local pelos naturalistas europeus. Friedrich Welwitsch (1806-1872), botânico austríaco, membro da comissão governamental tinha como missão a preparação de amostras de objetos da representação portuguesa, em particular a 5ª secção (produtos dos territórios ultramarinos), visto que tinha estado em Angola numa expedição entre 1853-1860. E as populações locais? Será que os diversos grupos étnicos com quem Welwitsch esteve em contacto beneficiaram com essas trocas? Esta apresentação explora a Synopse e as trocas botânicas, cruzando diversos tipos de fontes desde manuscritos originais de Welwitsch a outras referências revelando os encontros e trocas ocorreram enquanto o botânico austríaco esteve no território angolano (1853-1860).
ABSTRACT (In portuguese)
Em busca do corno do unicórnio: consumo de cornos de rinoceronte e produção de conhecimento na Monarquia Hispânica
Bruno A. Martinho (Parques de Sintra-Monte da Lua/Palácio Nacional de Sintra)
Durante a sua estadia em Lisboa, o embaixador de Filipe II em Portugal, Juan de Borja y Castro, consultou o físico de D. Sebastião a propósito das propriedades médicas de um corno de rinoceronte que acabava de chegar à cidade. Para responder ao pedido, o físico apoiou-se em tudo o que podia alcançar: autores coevos e antigos, relatos escritos de quem havia estado nos territórios do Índico e, mais importante ainda, na análise direta de um elevado número de espécimes a que tinha acesso. A resposta enviada ao embaixador é, por isso, uma síntese do conhecimento europeu da época moderna sobre o benefício dos cornos de rinoceronte para a prática médica. Este acontecimento é o ponto de partida para esta comunicação, que propõe uma reflexão sobre o consumo de objetos não-europeus e as suas relações com a produção de conhecimento na Península Ibérica e na Europa do século XVI.