CIUHCT ganha projectos exploratórios no Concurso Projetos FCT 2021
29 julho 2021
A FCT comunicou os resultados do Concurso de Projetos de IC&DT. O CIUHCT é a instituição de acolhimento de dois projectos exploratórios recomendados para financiamento:
M. Luísa Sousa é a Investigadora Responsável pelo projecto exploratório Hi-BicLab. Laboratório de História para Mobilidades Urbanas Sustentáveis: Políticas cicláveis de Lisboa (EXPL/FER-HFC/0847/2021);
Joana Lia Antunes Ferreira é a Investigadora Responsável pelo projecto exploratório HERIT-AGES. 'Idades' do Plástico e do Vidro para quem? Exploração de novas avenidas para a valorização e preservação do património para o futuro (EXPL/HAR-HIS/0146/2021).
Hi-BicLab
Tipologia: Exploratório
Título: Hi-BicLab. Laboratório de História para Mobilidades Urbanas Sustentáveis: Políticas cicláveis de Lisboa
Resumo público:
Apesar de Portugal ser o maior produtor de bicicletas na União Europeia (dados do Eurostat para 2019), a distribuição modal da mobilidade ciclável em Lisboa é ainda bastante baixa (abaixo de 1% em 2017) quando comparada com a média europeia (8%) (Fé20). Ao aplicar medidas de transição para encorajar a bicicleta - tais como a implementação de infra-estruturas cicláveis e sistemas de partilha de bicicletas (Fé20) - a Câmara Municipal de Lisboa comprometeu-se com as agendas pró-mobilidade ciclável durante a última década. De facto, irá acolher a Conferência da Federação Europeia de Ciclismo, a Velo-City, em Setembro de 2021.
Estudos da área dos transportes mostraram que a orografia da cidade não explica a sua baixa distribuição modal de uso da bicicleta: 54% das ruas são quase planas, e 75% são “suficientemente boas para andar de bicicleta” (abaixo dos 5% de declive) (Fé19; Fé20). Para além da percepção de Lisboa das “sete colinas”, começam a ser identificados outros factores que se consideram poder dificultar o aumento da mobilidade ciclável, tais como tipos de pavimento, a sensação de insegurança a pedalar, e o comportamento dos condutores de automóveis (Fé19). A identificação destas barreiras visa apoiar a concepção de políticas para aumentar os níveis de ciclomobilidade em cidades como Lisboa, de “baixa maturidade ciclável” (ou seja, com baixa quota modal no uso das bicicletas e poucas infra-estruturas dedicadas à mobilidade ciclável) (Fé19).
Estas cidades com alegada “baixa maturidade” são geralmente consideradas como não tendo qualquer experiência histórica em mobilidade ciclável (Fé19). Mas será isto realmente assim? A história evidencia que as mobilidades cicláveis fizeram parte do passado em cidades como Lisboa. Além disso, mostra também que os factores que limitaram a sua utilização são processos enraizados historicamente.
O Hi-BicLab investigará tanto a experiência histórica de Lisboa com mobilidades cicláveis, como os factores que impediram ou promoveram a sua utilização, argumentando que a história é importante na contribuição para mobilidades urbanas mais sustentáveis e justas (Ba07).
O Hi-BicLab baseia-se na experiência de laboratórios de história de renome internacional, especialmente os laboratórios de história sobre infraestruturas de transporte regionais nos Países Baixos (To16) e no Reino Unido (Di16). Estes laboratórios tornaram o conhecimento histórico “utilizável” e acessível aos decisores políticos que trabalham nas políticas de transportes. O modelo ainda não foi aplicado aos sistemas de mobilidade urbana de cidades com baixa maturidade ciclável. Este é o objectivo por detrás do Hi-BicLab. O Hi-BicLab irá colocar o caso histórico de Lisboa numa perspectiva europeia e global, desenvolver investigação interdisciplinar, e torná-lo legível aos interessados, através da promoção de um laboratório de história sobre o sistema sociocultural e técnico de mobilidade urbana de Lisboa.
O Hi-BicLab tem uma equipa interdisciplinar, com investigação prévia e a decorrer sobre a história, o presente das mobilidades urbanas de Lisboa e as desigualdades sócio-territoriais, e promoverá fertilizações cruzadas entre disciplinas académicas, tais como história da tecnologia e da mobilidade, geografia, economia dos transportes, envolvimento societal, arquitectura e planeamento urbano. Além disso, estabelecerá parcerias com decisores políticos, activistas e cidadãos. Conta com dois historiadores de referência como consultores, com investigação prévia no assunto e que apelaram a mais investigações sobre a mobilização de um "passado utilizável" para fomentar futuras mobilidades urbanas sustentáveis (Di10; Oz16), e com os quais temos trabalhado.
Metodologicamente, o Hi-BicLab irá:
- tornar o conhecimento histórico já existente acessível e legível para o público não académico;
- identificar questões abrangentes através de trabalho interdisciplinar (ligando a história às questões actuais relevantes em geografia e economia dos transportes);
- identificar o que os parceiros sabem e querem saber sobre o passado;
- criar bases de dados com fontes históricas, e escolher documentos-chave, visuais e textuais ;
- promover a criação de um laboratório de história, seguindo experiências anteriores de laboratórios de história e práticas de envolvimento societal.
Durante o Hi-BicLab será terminado e publicado um livro sobre a história das mobilidades cicláveis de Lisboa. Os membros do projecto publicarão dois artigos em revistas com arbitragem científica, divulgarão os resultados do projecto em quatro conferências académicas, um website próprio, e em redes sociais. O projecto irá também promover um laboratório de história através da organização de uma mesa redonda e quatro workshops com os parceiros acima mencionados. Finalmente, pretendemos fazer deste projecto um projecto-piloto a ser aplicado em outras cidades com baixa maturidade ciclável, em Portugal e noutros locais.
Equipa de investigação:
M. Luísa Sousa (IR) (CIUHCT)
David Vale (Co-IR) (FAUL)
Bernardo Pereira (UA)
Cristina Luís (CIUHCT)
Hugo Silveira Pereira (CIUHCT)
Jaume Valentines-Álvarez (CIUHCT)
João Machado (CIUHCT)
Patrícia Melo (ISEG/UL)
Centro de investigação de acolhimento:
CIUHCT
HERIT-AGES
Tipologia: Exploratório
Título: HERIT-AGES. 'Idades' do Plástico e do Vidro para quem? Exploração de novas avenidas para a valorização e preservação do património para o futuro.'
Resumo público:
HERIT-AGES. Plastic and Glass ‘Ages’ for whom? Exploring new approaches for valuing and preserving heritage for the future
With more than 5,000 years of existence, glass is part of almost every aspect of human life. Plastic, with far more recent history, is a ubiquitous material which production took over and has surpassed other older materials. Glass and plastic share characteristics that make them suitable to perform the same functions, and possess both aspects that unite them and that keep them apart. Thus, initially, the plastic industry has evolved directly from the industry of glass, its workers and its expertise (both in Portugal and elsewhere). On the one hand, due to its negative impact on the environment, plastic has a hypervisibility today. On the other hand, despite the fact glass afforded substantial technical developments (e.g. optical fibre) and has also been universally used, it never had major visibility to the public realm. For different reasons, up to this point, glass and plastic have not been a priority when it comes to heritage preservation.
It is undeniable that both these materials have a high impact in our society. Although there is a somehow well-established idea that this is the Plastic Age, a recent discussion has emerged around the Glass Age.
(1)Whom do these ‘Age’ definitions serve? (2)How will the discussion of the Glass Age or the Plastic Age influence heritage policies? (3)Will the definition of Ages (Glass or Plastic) influence what museums decide to incorporate and preserve for present and future generations? (4)How does the study of the history of both the glass and plastic industries inform/ influence this discussion and future preservation? HERIT-AGES aims to contribute and be a driving force in the exploration of these Research Questions (RQ).
The current demonisation of plastic and the invisibility of glass might compromise the preservation of this heritage (tangible and intangible) for present and future generations. Chemical formulations, industrial making processes, and know-how are key to the fundamental body of knowledge that urge to rescue, understand and preserve. For these reasons, HERIT-AGES is particularly timely and will look at the Portuguese case.
HERIT-AGES aims to explore for the first time (a)how the discussion of the Plastic Age and Glass Age will impact heritage in the way we perceive it, in the way we value it, and how heritage policies will be influenced by it; (b)how today's decisions on what to preserve will influence the way this era will be seen and perceived in the future in terms of material culture; and finally (c)the history of the plastic and glass industries in Portugal, especially at their intersection, and their relation with the history of the material culture and materials usage in the 20th century. Looking into the life cycle of plastics and glass products is of utmost importance to understand and inform about the past, to better decide about what should be preserved and instruct the future.
To answer the RQ, a multidisciplinary team was gathered, composed by conservators specialised in glass and plastic materials, historians specialised in the history of science and technology, and representatives of heritage institutions. The research will be developed within the R&D units CIUHCT, LAQV-REQUIMTE, and VICARTE; and the National Museum of Contemporary Art (MNAC).
The methodology comprehends (i)critical assessment of the use of the terms ‘Glass Age’ and ‘Plastic Age’, and how these relate with current debates in the historiography of technology, the environment and heritage studies; (ii) literature review on the intersection of the history of glass and plastic industries, followed by the exploration of material culture related to these materials during the 20th century; and (iii)research conducted in several heritage institutions to explore management policies regarding these two materials and how its history is being preserved.
The results of HERIT-AGES will strongly impact heritage institutions and other stakeholders in informing on the importance of preserving the knowledge that surrounds glass and plastic production (tangible and intangible) and also the material cultural artefacts that result from both these industries. Very often, decisions are taken by what is already rooted. HERIT-AGES will play an important role in influencing heritage institutions and its stakeholders to put glass and plastic heritage under the spotlight.
The dissemination plan includes different target audiences: the academic community and heritage professionals, as well as the general public. The project will end with an exhibition, making the exploratory results accessible and interesting to a broad audience.
With the consciousness that the decisions made today will influence how future generations will look at and characterise today's society, the results obtained in HERIT-AGES will go far beyond the project’s length and realm, disclosing research lines to be further explored.
Equipa de investigação:
Joana Lia Ferreira (IR)
Alexandra Rodrigues (Co-IR)
M. Luísa Sousa
Elvira Callapez
Inês Coutinho
Susana França de Sá
Breno Borges
Hugo Pereira
Emília Ferreira
Centro de investigação de acolhimento:
CIUHCT