Medicina Tropical e as Colónias Portuguesas (1887-1942)
Equipa
Isabel Amaral (IR), Ricardo Castro, Pedro Lau Ribeiro, Ana Rita Lobo, António Manuel Nunes dos Santos
Período
2005–2007
Financiamento
FCT/MCTES, POCI/HCT/60184/2004
Descrição
A especialização das ciências biomédicas em Portugal ocorre entre finais do séc. XX e o início do séc. XIX, na transição de um regime monárquico para um regime liberal. Este processo conduzido pela “geração de 1911”, um grupo de intelectuais liderado por médicos, tornou-se motivo de uma revolução institucional e científica de assinaláveis repercussões científicas, sociais, económicas e políticas. Neste contexto surgiu a Medicina Tropical como área científica autónoma, que desde 1887 tentava lutar pelo seu estatuto de independência, pela acção desenvolvida pelos médicos navais nas colónias portuguesas. Os interesses políticos e económicos estabeleceram uma aliança perfeita com a investigação científica efectuada neste campo médico e em 1902 foi criada a primeira Escola de Medicina Tropical em Lisboa, que se manteve até 1942. Esta instituição evidenciava já a tipologia da modernização do ensino médico português que viria a ser consolidada com a criação das Faculdades de Medicina em 1911 e com as sucessivas reformas do ensino médico que privilegiavam o ensino experimental e a investigação científica, em detrimento do saber livresco. A singularidade do aparecimento da Escola de Medicina Tropical mesmo antes da Faculdade de Medicina revela desde logo o interesse pelo estudo da intervenção dos médicos navais no contexto da política colonial desenvolvida pelo Estado português. A Escola serviria como pólo de desenvolvimento científico a partir das colónias e ainda como centro de formação de médicos, numa perspectiva de consolidação de uma nova especialidade no seio da medicina tradicional. Com este trabalho pretende-se analisar a contribuição portuguesa no âmbito da Medicina Tropical entre 1887 e 1942, no contexto da concretização do projecto colonial nacional e europeu, particularizado na situação britânica e nas Escolas de Medicina Tropical de Liverpool e de Londres.