Hi-BicLab. Laboratório de História para Mobilidades Urbanas Sustentáveis: Políticas cicláveis de Lisboa
Equipa
M. Luísa Sousa (IP) (CIUHCT, FCT NOVA)
David Vale (Co-IP) (CIAUD, FAUL)
Diego Cavalcanti Araújo (CIUHCT, FCT NOVA)
Patrícia Melo (UECE, ISEG/UL)
Jaume Valentines-Álvarez (CIUHCT, FCT NOVA)
Cristina Luís (CIUHCT, FCUL)
João Machado (CIUHCT, FCT NOVA)
Bernardo Pereira (GOVCOPP, UA)
Hugo Silveira Pereira (CIUHCT, FCT NOVA)
Período
2022-2023
Financiamento
Fundos nacionais através da FCT– Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., «EXPL/FER-HFC/0847/2021»
Website
http://hibiclab.ciuhct.org/
Unidade de investigação de acolhimento
CIUHCT
Resumo
Apesar de Portugal ser o maior produtor de bicicletas na União Europeia (dados do Eurostat para 2019), a distribuição modal da mobilidade ciclável em Lisboa é ainda bastante baixa (abaixo de 1% em 2017) quando comparada com a média europeia (8%) (Fé20). Ao aplicar medidas de transição para encorajar a bicicleta - tais como a implementação de infra-estruturas cicláveis e sistemas de partilha de bicicletas (Fé20) - a Câmara Municipal de Lisboa comprometeu-se com as agendas pró-mobilidade ciclável durante a última década. De facto, irá acolher a Conferência da Federação Europeia de Ciclismo, a Velo-City, em Setembro de 2021.
Estudos da área dos transportes mostraram que a orografia da cidade não explica a sua baixa distribuição modal de uso da bicicleta: 54% das ruas são quase planas, e 75% são “suficientemente boas para andar de bicicleta” (abaixo dos 5% de declive) (Fé19; Fé20). Para além da percepção de Lisboa das “sete colinas”, começam a ser identificados outros factores que se consideram poder dificultar o aumento da mobilidade ciclável, tais como tipos de pavimento, a sensação de insegurança a pedalar, e o comportamento dos condutores de automóveis (Fé19). A identificação destas barreiras visa apoiar a concepção de políticas para aumentar os níveis de ciclomobilidade em cidades como Lisboa, de “baixa maturidade ciclável” (ou seja, com baixa quota modal no uso das bicicletas e poucas infra-estruturas dedicadas à mobilidade ciclável) (Fé19).
Estas cidades com alegada “baixa maturidade” são geralmente consideradas como não tendo qualquer experiência histórica em mobilidade ciclável (Fé19). Mas será isto realmente assim? A história evidencia que as mobilidades cicláveis fizeram parte do passado em cidades como Lisboa. Além disso, mostra também que os factores que limitaram a sua utilização são processos enraizados historicamente.
O Hi-BicLab investigará tanto a experiência histórica de Lisboa com mobilidades cicláveis, como os factores que impediram ou promoveram a sua utilização, argumentando que a história é importante na contribuição para mobilidades urbanas mais sustentáveis e justas (Ba07).
O Hi-BicLab baseia-se na experiência de laboratórios de história de renome internacional, especialmente os laboratórios de história sobre infraestruturas de transporte regionais nos Países Baixos (To16) e no Reino Unido (Di16). Estes laboratórios tornaram o conhecimento histórico “utilizável” e acessível aos decisores políticos que trabalham nas políticas de transportes. O modelo ainda não foi aplicado aos sistemas de mobilidade urbana de cidades com baixa maturidade ciclável. Este é o objectivo por detrás do Hi-BicLab. O Hi-BicLab irá colocar o caso histórico de Lisboa numa perspectiva europeia e global, desenvolver investigação interdisciplinar, e torná-lo legível aos interessados, através da promoção de um laboratório de história sobre o sistema sociocultural e técnico de mobilidade urbana de Lisboa.
O Hi-BicLab tem uma equipa interdisciplinar, com investigação prévia e a decorrer sobre a história, o presente das mobilidades urbanas de Lisboa e as desigualdades sócio-territoriais, e promoverá fertilizações cruzadas entre disciplinas académicas, tais como história da tecnologia e da mobilidade, geografia, economia dos transportes, envolvimento societal, arquitectura e planeamento urbano. Além disso, estabelecerá parcerias com decisores políticos, activistas e cidadãos. Conta com dois historiadores de referência como consultores, com investigação prévia no assunto e que apelaram a mais investigações sobre a mobilização de um "passado utilizável" para fomentar futuras mobilidades urbanas sustentáveis (Di10; Oz16), e com os quais temos trabalhado.
Metodologicamente, o Hi-BicLab irá:
- tornar o conhecimento histórico já existente acessível e legível para o público não académico;
- identificar questões abrangentes através de trabalho interdisciplinar (ligando a história às questões actuais relevantes em geografia e economia dos transportes);
- identificar o que os parceiros sabem e querem saber sobre o passado;
- criar bases de dados com fontes históricas, e escolher documentos-chave, visuais e textuais ;
- promover a criação de um laboratório de história, seguindo experiências anteriores de laboratórios de história e práticas de envolvimento societal.
Durante o Hi-BicLab será terminado e publicado um livro sobre a história das mobilidades cicláveis de Lisboa. Os membros do projecto publicarão dois artigos em revistas com arbitragem científica, divulgarão os resultados do projecto em quatro conferências académicas, um website próprio, e em redes sociais. O projecto irá também promover um laboratório de história através da organização de uma mesa redonda e quatro workshops com os parceiros acima mencionados. Finalmente, pretendemos fazer deste projecto um projecto-piloto a ser aplicado em outras cidades com baixa maturidade ciclável, em Portugal e noutros locais.
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