Mobilidade e circulação: perspectivas em História da Ciência e da Tecnologia
- Autoria
Alice Santiago Faria, Pedro M. P. Raposo (eds.)
- Edição
- Lisboa: CIUHCT/CHAM
- Ano
- 2014
- Nº de Páginas
- 105
- ISBN
- 978-989-96231-4-9
sinopse (excerto da introdução)
Nunca foi tão fácil (pelo menos na aparência) fazer circular informação e conhecimento. Talvez por isso mesmo haja um reconhecimento crescente de que a ciência e a tecnologia modernas são, ao mesmo tempo, causa e consequência de múltiplos fenómenos de mobilidade e circulação. Nas últimas décadas, tem vindo a ganhar peso a ideia de que, para se compreender como o conhecimento científico e tecnológico emerge, se desenvolve e se reconfigura, é necessário seguir os movimentos dos seus actores (pessoas, objectos naturais, livros, mapas, e inúmeros outros artefactos) no espaço e no tempo, e sondar as transformações que esses actores vão atravessando ao longo das suas sucessivas deslocações. A mudança epistémica surge assim como o resultado (nunca definitivo) de uma dinâmica de movimentos e interacções, capazes tanto de operar consensos, como de gerar rupturas.
É este o pano de fundo do presente livro. Os textos que o integram foram, na sua maioria, apresentados e discutidos num encontro intitulado “Mobilidade e Circulação: Métodos e Abordagens nas Ciências Sociais e Humanas”, que teve lugar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa em 2 de Outubro de 2013. O objectivo principal foi estimular um debate informal, mas exigente, em torno das várias possibilidades metodológicas que se oferecem aos historiadores para lidarem com os problemas da mobilidade e da circulação. Nesse sentido, foi pedido a cada participante que contribuísse com um texto breve, tratando aspectos da sua investigação relacionados com esta temática, e dando ênfase a problemas conceptuais e metodológicos.
O entendimento que os diversos participantes fizeram deste nosso apelo variou consideravelmente. Mas todos os textos contribuíram para uma discussão que foi vivaz e provocadora, no melhor sentido possível. Os conceitos de mobilidade e circulação foram debatidos nas suas articulações com o conceito de rede. Analisou-se a importância da micro-história da ciência e da tecnologia perante os apelos crescentes a uma história global do conhecimento. Discutiu-se a relevância historiográfica dos fenómenos de comunicação e das interacções do dia-a-dia, em relação aos processos formais de produção, justificação e difusão do conhecimento. A importância do indivíduo e da localidade foi debatida face à ênfase no colectivo e no global. Para além dos conceitos acima referidos, outros vieram a debate, questionando-se sempre as vantagens e as limitações da sua aplicação a casos concretos. Finalmente, porque a mobilidade e a circulação nunca foram (e provavelmente nunca serão) isentos de limites, obstáculos e contradições, também foi discutida a inclusão desses aspectos nas suas narrativas históricas.
Índice
- Introdução, 7
- Alice Santiago Faria, Arquitectura e Mobilidade, 11
- Pedro M. P. Raposo, Geografias imperiais e circuitos científicos, 23
- Catarina Madruga, O Museu Nacional de Lisboa como Centro e como Periferia, 35
- M. Luísa Sousa, A “mobilidade disciplinada” do ponto de vista do automobilista, 43
- Maria Elvira Callapez, Mobilidade, economia e ordem social, 51
- Inês Gomes, Educação como "conhecimento em trânsito", 67
- Isabel Zilhão, O papel da popularização da ciência na circulação do conhecimento em Portugal, 77
- Ana Duarte Rodrigues, O saber da arte dos jardins em circulação na Europa (1500-1900), 87
- Antonio Sánchez, Maiorca, Lisboa e Sevilha, 95
- Autores, 103