Epidemias e os avisos surdos da história
- Autoria
- Edição
- v. 10 n. 2
- Ano
- 2021
- Periódico
Cadernos Ibero-Americanos de Direito Sanitário
Resumo
Neste artigo,analisamos o impacto das epidemias em duas cidades portuguesas –a capital, Lisboa, e a cidade do Porto, nodo de umarede comercial intensa, de meados do século XIX até ao final da primeira década do século XX. Sendo ambas cidades portuárias de um país europeu, periférico,mas com um vasto império colonial, a prevenção e a aplicação de medidas de combate às epidemias, foram, e continuam a ser, fundamentais na gestão, muitas vezes precária, das crises sanitárias. Não temos dúvidas que as reflexões que estesdois casos de estudo nos proporcionam podem ser facilmente recuperadas e readaptadas para a análise da pandemia global daCOVID-19. Podemos usar a investigação histórica sobre a forma como temos lidado, enquanto sociedade, com as epidemias e pandemias para melhor atravessarmos os actuais momentos de incerteza e de espanto e definirmos acções futuras que sejam eficazes na alteração das condições que levaram a, em pleno século XXI, parar o mundo. Se é, naturalmente, impossível prever datas e contornos exactos da ocorrência das próximas epidemias, é possível criar as condições locais, nacionais e globais, tanto ao nível ambiental e social, como institucional e político para que lhes possamos responder com muito maior eficácia. Mais que reagir, teremos que ser capazes de antecipar.