#28. Os Gabinetes de Física dos reis de Portugal (séc. XVIII e XIX). Organização, dispersão e coleções perdidas
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18 março 2021 · 18h00
Resumo
A história das coleções científicas da Casa Real portuguesa continua a ser pouco conhecida. A partir do século XVI, foram sendo organizadas nos paços régios importantes coleções de instrumentos científicos, juntamente com gabinetes de história natural e bibliotecas, destinados à instrução científica dos infantes e ao entretenimento da corte.
A maioria destas coleções, acumuladas até bem perto do final do século XIX, desapareceu quase por completo, sobrevivendo a sua memória através de alguns instrumentos, máquinas e modelos, espalhados por museus e palácios, nacionais e estrangeiros, e de um pequeno número de inventários, registos de compras e pagamentos, relatos de aristocratas da época, e alguns viajantes estrangeiros de passagem por Lisboa.
Neste trabalho, fez-se a arqueologia de algumas destas coleções, do ponto de vista da sua constituição, organização, uso e história custodial, destacando-se pela sua importância o Real Gabinete de Física das Necessidades (1747-1847), o Real Gabinete de Física da Ajuda (1765-1857), e ainda as coleções científicas acumuladas no Paço da Ribeira (1501-1755), nomeadamente por D. João V, entre 1722 e 1750.
Sobre os oradores
David Felismino é historiador. Licenciado em História – Ramo científico, e pós-graduado em História Moderna pela NOVA/FCSH, e em Património e Projetos Culturais pelo ISCTE. É assistente de investigação do CHAM – Centro de Humanidades. Os seus principais domínios científicos compreendem aspetos do quotidiano, da ciência, e da saúde no período moderno e contemporâneo, tendo publicado livros, catálogos, artigos, e comissariado várias exposições sobre estes temas. Desempenhou funções como investigador e curador no Instituto de Ciências Sociais, na Casa Fronteira e Alorna, no Museu Geológico, no Museu Nacional de História Natural e da Ciência e no Museu da Saúde, tendo sido responsável pelo projeto museológico deste último. Desde janeiro de 2020, é Diretor-adjunto do Museu de Lisboa e membro da atual direção do ICOM Portugal.
Marta Lourenço é investigadora do Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa desde 2006, tendo assumido o cargo de diretora em 2019. Possui formação de base em Física (Universidade de Lisboa, 1992), Mestrado em Museologia (Universidade Nova de Lisboa, 2000) e Doutoramento em Museologia e História da Técnica (Conservatoire National des Arts et Métiers, Paris, 2005). Tem extensa obra publicada nos domínios do património cultural das universidades, património científico, e história dos museus e coleções científicas, os seus domínios preferenciais de orientação de alunos e de projetos de investigação nacionais e internacionais. Coordenou o levantamento do património cultural da Universidade de Lisboa em 2010–2011 e em 2015–2016, ambos publicados. É coordenadora nacional do PRISC (Portuguese Research Infrastructure of Scientific Collections), integrado no roteiro português de infraestruturas estratégicas de investigação. É atualmente Presidente do Comité Internacional do ICOM para os Museus e Coleções Universitárias (UMAC).