#27. Moléculas de Liberdade: para uma leitura política do negacionismo climático
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18 fevereiro 2021 · 18h00
Resumo
Não há dia em que não haja novas evidências do dramático impacto das atividades humanas nos ciclos fundamentais da vida terrestre, e em particular nos processos de regulação climática. Apesar disso, a difusão de discursos que negam que as alterações climáticas são uma realidade não dá sinais de abrandamento. Na nossa comunicação iremos esboçar uma possível leitura deste “negacionismo climático”. Consideramos, pois, amplamente insuficientes as leituras que reconduzem este tipo de discursos aos efeitos da iliteracia científica, a uma genérica resistência à mudança ou à pura manipulação. Acreditamos que, pelo contrário, o negacionismo climático deve ser visto como elemento central de um processo de subjetivação política que, precisamente por ser complexo, ambíguo e paradoxal (e com notáveis analogias com o negacionismo que surgiu em torno da pandemia de Covid-19), merece maior atenção. Em particular, parece-nos fundamental examinar o papel central que a liberdade, ou pelo menos uma certa articulação da categoria de liberdade, possui neste tipo de posicionamentos políticos.
Sobre o orador
Davide Scarso é professor do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da NOVA e investigador no Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia (CIUHCT). O seu trabalho mais recente tem sido dedicado às implicações conceptuais e políticas do Antropoceno. É co-editor do livro colectivo Gardens and Human Agency in the Anthropocene (Routledge, 2019) e co-organizador do Anthropocene Campus Lisboa: Parallax, que teve lugar em Janeiro de 2020.