‘Raças da Europa’ e império colonial, c. 1870-1914: uma proposta de investigação
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Edifício C8, Sala 8.2.10
11 dezembro 2019 · 12h30
Resumo
Na década de 1870, iniciou-se um período de forte expansão colonial europeia. A produção de conhecimento científico sobre ‘raças humanas’ foi essencial para a classificação e controlo dos povos colonizados no contexto dos projectos imperialistas europeus, legitimando a dominação das ‘raças inferiores’ pelas ‘raças europeias’. As ‘raças europeias’ foram também objecto de estudo.
O florescimento de nacionalismos europeus na segunda metade do século XIX foi acompanhado pelo desenvolvimento de estudos sobre a essência dos povos da Europa. À busca dos elementos culturais definidores dos europeus, juntaram-se as pesquisas sobre as suas diferenças biológicas, reproduzindo ideias sobre diferenças entre povos há muito firmadas nas mentalidades vigentes. Imbuídas da cientificidade do novel campo do conhecimento, as diferenças culturais ganharam um cunho biológico e primordial que fortaleceu e validou a hierarquização entre europeus do Norte e europeus do Sul. Se a classificação racial e a ideia de superioridade europeia foi central para as políticas de diferença em que assentou a dominação colonial, de que forma é que este processo de racialização das diferenças europeias se relacionou com os projectos coloniais europeus no contexto de rivalidade e cooperação imperial? A sessão debruçar-se-á sobre esta questão e as possibilidades da sua exploração empírica.