O casamento como laboratório civilizacional: a promoção da mulher africana entre a família consuetudinária e o idílio conjugal
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Edifício C8, Sala 8.2.02
15 outubro 2019 · 12h30
Sinopse
Em contexto colonial, a condição da mulher africana foi aferida, as mais das vezes, à luz de práticas locais que envolviam a troca de prestações matrimoniais. Interpretadas no quadro da codificação internacional das formas de escravatura, tais práticas foram discutidas no escopo da política colonial pela relação entre as funções do parentesco africano e a produção e tráfico de pessoas com estatuto servil. Enquanto isso, a relação ambígua da administração colonial com as configurações matrimoniais consuetudinárias abria campo para a ascensão do idílio conjugal como solução de reorganização social. Com âncora no caso da Guiné dos anos 1950, esta apresentação interroga os tempos e as geografias do processo que isolou o casamento como marcador da diferença indígena e, em simultâneo, o constituiu como alvo tanto da etnologia que se interessava sobre os usos e costumes que a caracterizavam, como dos agentes coloniais que sobre eles intervinham a pretexto da salvaguarda da dignidade da mulher africana.