Medicina Política: Ciência, Soberania e o Governo dos Corpos no Espaço Imperial Português
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Edifício C8, Sala 8.2.04
27 fevereiro 2019 · 12h30
Sinopse
A imagem da nação enquanto corpo constitui um dos pilares mais duradouros da teoria política moderna. Desde os tratados de política e jurisprudência, até ao emblemático Leviathan de Thomas Hobbes, a nação foi teorizada como um corpo simultaneamente compósito e uno – um corpo onde a multitude dos vassalos se transmutaria num harmonioso ente único. Esta apresentação questiona os pressupostos de unicidade que subjazem à consolidação da moderna teoria do corpo político, e, inversamente, procura explorar os paradoxos que a constituem. O paradoxo crucial a explorar diz respeito à pluralidade de geografias e tipologias de seres humanos que habitavam o espaço imperial português e questiona como pode, afinal, um corpo tão heterogéneo tornar-se uníssono? Através da historicização do conceito de “Medicina Política,” utilizada pelo médico Ribeiro Sanches (1699-1783), eu proponho explorar os mecanismos que ao longo do século XVIII uniram o pensamento médico ao pensamento político. Em particular, eu examino as ambições partilhadas entre médicos e administradores, diplomatas, e políticos setecentistas: a ambição de governar todos os corpos do império.