Legados coloniais na agricultura do vale do Limpopo, Moçambique: a (ir)racionalidade do discurso científico e tecnológico face ao pragmatismo político
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Edifício C8, Sala 8.2.12
12 junho 2019 · 12h30
Sinopse
No paradigma científico e tecnológico em que o Estado Novo argumentava que assentasse o "desenvolvimento" dos territórios ultramarinos, a obra hidráulica ocupava um lugar central, como marco de modernidade. No vale do Limpopo, a engenharia hidráulica domesticaria as adversidades climáticas, fazendo da agricultura a pedra basilar da colonização e da economia. Cruzam-se, assim, o discurso científico-tecnológico e o da ideologia colonial. Em diálogo com estudos sobre limitações de aspectos deste discurso científico para outras regiões africanas, esta apresentação propõe-se, primeiro, olhar de forma sistemática e crítica para argumentos e vozes dentro do discurso científico e tecnológico, assim como para o papel de pressupostos não científicos relativos aos regadios do Chókwè e do Baixo Limpopo. Em segundo lugar, partilhar-se-á os resultados a partir da perspectiva da realidade no terreno nos anos subsequentes, caracterizada como “anarquia funcional”. Contrapõem-se, então, dilemas históricos sobre opções de desenvolvimento em que se cruzam conhecimento científico vs. ciência como poder, controlo social e questões de soberania face à importância de capital estrangeiro na transformação do espaço rural do Sul de Moçambique. São dilemas que, apesar de mudanças importantes, permitiram a sobrevivência do mito da produtividade do grande regadio na sociedade pós-colonial.
Data provisória e sujeita a alterações. Mais informação em breve.