Antropologia e colonialismo em Moçambique: reflexões sobre uma relação ambígua
Instituto de Ciências Sociais, Sala 3
08 maio 2019 · 12h30
Sinopse
Desde o início da empresa colonial, o interesse pelas “coisas da antropologia” esteve presente entre administradores, governadores e missionários. No caso de Moçambique, as dimensões desse interesse são intrinsecamente problemáticas. Por mais que busquemos distinguir entre uma antropologia profissional e uma antropologia aplicada às questões coloniais, as fronteiras entre ambas são sempre difusas. Em princípio, o administrador e o antropólogo compartilham o lado do “branco”, do colonizador, dos “dominantes”. Mas esta fórmula não é universal. O caso do antropólogo Marvin Harris – expulso de Moçambique por denunciar as arbitrariedades do Regime de Indigenato – desautoriza aquela máxima, repetida mil e uma vezes, segundo a qual a antropologia teria sido cúmplice indubitável do colonialismo. Os nuances, portanto, são inúmeros, apesar de, por momentos, administradores e antropólogos fundirem-se numa natural convergência de interesses. Pretendemos discutir o espaço ocupado por um fragmento da antropologia da época (1940-1970) na empresa colonial. Considerando três casos pontuais - o papel desempenhado por José Gonçalves Cota, António Jorge Dias e Romeu Ivens Ferraz de Freitas -, indagaremos sobre o lugar ambíguo da antropologia na dinâmica colonial e, mais especificamente, no projeto assimilacionista.
Data provisória e sujeita a alterações. Mais informação em breve.