Andrade Corvo e a construção da identidade nacional de Portugal através de políticas coloniais
FCUL, sala 8.2.13
08 novembro 2017 · 12h30-13h30
Esta apresentação tem por objectivo discutir o papel político atribuído a João de Andrade Corvo (1824–1890) pela historiografia, na sua relação com a definição de políticas coloniais portuguesas, no período entre 1870 e 1890. Tal como outros homens de ciência portugueses (António Augusto de Aguiar, José Júlio de Bettencourt Rodrigues, Barbosa du Bocage, etc.), Andrade Corvo teve uma carreira política, desempenhando cargos de relevo no contexto de governos da Monarquia Constitucional. Esta situação contrasta com a realidade de outros estados, onde homens de ciência raramente conseguiram ter uma acção tão directa na política do seu país. A autoridade que Andrade Corvo adquiriu através dos seus estudos agronómicos, auxiliada pela sua proximidade a políticos importantes, sobretudo José Maria Grande, foram fundamentais para atingir cargos políticos de destaque. Apesar de não enfatizar inicialmente o potencial político e económico dos territórios ultramarinos portugueses, uma série de conflitos diplomáticos ocorridos entre as décadas de 1860 e 1870 levou-o a prestar mais atenção a estes assuntos, e a definir linhas de acção concretas que permitissem assegurar a posse de territórios em África, símbolos de poder que reafirmavam a independência de uma pequena nação como Portugal numa Europa dominada por estados cada vez mais poderosos. Até, pelo menos, 1890, estas políticas imperialistas acabaram por ser mais importantes para a construção de uma identidade nacional do que para a obtenção de ganhos económicos. Corvo continuou a desempenhar um papel político importante depois de ser afastado de cargos governamentais em 1879, auxiliando Barbosa du Bocage a atingir a direcção de ministérios de relevância para a definição de políticas coloniais, e a defender os interesses portugueses durante a “Corrida a África”.