Percursos da Física e da Energia Nucleares na Capital Portuguesa. Ciência, Poder e Política, 1947-1973
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Edifício C6, Sala 6.2.56
18 dezembro 2014 · 10h30
Tipo de prova
Doutoramento em História e Filosofia das Ciências (FCUL)
Resumo
Os contornos da relação entre ciência e poder político no período da Guerra Fria durante o Estado Novo de António de Oliveira Salazar e do seu sucessor Marcelo Caetano são analisados nesta tese através dos percursos da Física e energia nucleares na capital portuguesa, entre 1947 e 1973.
Discute-se a construção do panorama científico e tecnológico português desde as contribuições da Física Nuclear experimental investigada no Laboratório de Física da Faculdade de Ciências de Lisboa ao programa nuclear adoptado pelo poder político, no pós II Guerra Mundial, associado a instituições como a Junta de Energia Nuclear e o respectivo Laboratório de Física e Engenharia Nucleares, passando também por espaços como o Centro de Estudos de Física Nuclear anexo ao Instituto Português de Oncologia e o laboratório de radioisótopos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil. O urânio foi o intermediário da internacionalização do programa nuclear português e foi o motor da criação da Junta de Energia Nuclear na dependência da Presidência do Conselho de Ministros e do controlo de Salazar, e chefiada por homens da sua confiança política: José Frederico Ulrich, Leite Pinto e Kaúlza de Arriaga. Mas a produção de energia eléctrica pela via nuclear, desde sempre um objectivo almejado por cientistas e engenheiros, só tardiamente entrou explicitamente nos objectivos da Junta, estando a ser equacionada a instalação de centrais nucleares quando terminava o ano de 1973.
Ao discutir um caso complexo e fascinante de ciência num período de ditadura argumenta-se que os cientistas, engenheiros e técnicos que trabalharam nestas instituições não contribuíram directamente para a construção do regime ditatorial do Estado Novo, mas inseriram-se em estruturas do Estado que não detinham características necessariamente ditatoriais e que, em alguns casos, foram até criadas na sequência da interacção com organismos internacionais de orientação democrática.
Palavras-chave
Física e energia nucleares, urânio, Estado Novo, espaços institucionais, circulação e internacionalização
Constituição do Júri
- Doutor Pedro Miguel Ré, (presidente), Professor Associado com Agregação do Departamento Biologia Animal, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
- Doutor Tiago Figueiredo Saraiva (arguente), Assistant Professor, Department of History and Politics, Drexel University College of Arts and Humanities, USA
- Doutor Francesc Xavier Roqué Rodrígues (arguente), Senior lecturer of History of Science, Centre for the History of Science (CEHIC), Autonomous University of Barcelona (UAB), Espanha
- Doutora Maria Paula Pires dos Santos Diogo (vogal), Departamento de Ciências Sociais Aplicadas, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa
- Doutora Maria Teresa Haderer de la Peña Stadler (vogal), Professora Associada com Agregação, Instituto Superior Técnico, Lisboa
- Doutora Ana Isabel Simões (orientadora), Professora Associada com Agregação, Secção Autónoma História e Filosofia das Ciências, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa