O museu enquanto espaço de produção de conhecimento no século XIX
Anfiteatro da Escola de Ciências, UMinho
15 novembro 2019 · 15h00
Sinopse
Hoje em dia, olhamos para um museu como um espaço de preservação de objectos valiosos, sejam eles pinturas, esculturas, ou mesmo animais. Esta é uma visão estática, que nos transmite a ideia de que os museus se encontram, de certo modo, parados no tempo. Nada poderia estar mais longe da verdade quando analisamos os museus de história natural. Uma das primeiras e mais importantes funções destes espaços foi, na realidade, a investigação do mundo natural. No século XIX, os museus de história natural eram espaços de produção de conhecimento, albergando equipas de naturalistas prontas a descrever novas espécies que afluíam dos locais mais remotos. No final do século XIX, vários destes museus já tinham aberto ao público e eram extremamente populares, recebendo centenas de visitantes. No século XIX, também foi fundado em Lisboa um museu de história natural. O principal responsável por este projecto, José Vicente Barbosa du Bocage (1823–1907), concretizou-o para assentar um novo lugar para a investigação em zoologia que lhe permitisse viabilizar uma carreira enquanto naturalista. Ainda que não tenha recebido todo o apoio governamental que desejava para o desenvolvimento do museu, os colaboradores que recrutou em diversos pontos do território continental, e sobretudo nas então colónias portuguesas, forneceram-lhe os espécimes necessários à construção de uma carreira de prestígio internacional. Nesta comunicação, serão discutidas as estratégias que Barbosa du Bocage utilizou para alcançar este fim e qual o seu legado para a História Natural em Portugal.