Ciência, Tecnologia e Império
Equipa
Maria Paula Diogo (IR), Ana Paula Silva, Ana Simões, Ana Carneiro, António Manuel Nunes dos Santos
Período
2001–2003
Financiamento
FCT/MCTES, POCTI /35065/1999
Descrição
O presente projecto pretende continuar o trabalho de um projecto anterior (financiado no âmbito do PRAXIS XXI), mantendo, pois, a mesma denominação. O objectivo fundamental do projecto é analisar o processo de construção, afirmação e institucionalização do conceito de "ciência e tecnologia tropicais" em Portugal, entendidos, simultaneamente no plano nacional, enquanto elemento estruturante do progresso oitocentista e novecentista, e, no plano internacional, como centro de uma rede de centros (s) e periferia(s) sobre a qual o poder europeu se apoiou.
O século XIX, ao tematizar-se em torno de um conceito de progresso identificado com a ciência, a tecnologia e a indústria, reposiciona o papel das colónias no xadrez mundial, como peças fundamentais de poder das nações europeias. A Conferência de Berlim, que consagra o lema da "ocupação efectiva dos territórios coloniais", obriga à definição, por parte dos países colonizadores, de estratégias realmente operacionais de afirmação no terreno. Neste contexto, as viagens de exploração e a construção de redes de comunicação (fundamentalmente ferroviárias), ambas associadas ao conceito de "missão civilizadora", tornam-se instrumentos privilegiados dessa ocupação efectiva.
Portugal, um país periférico no interior de uma Europa industrial, é confrontado com a necessidade de lançar e consolidar no espaço africano uma presença suficientemente eficaz e visível para manter intacto o domínio sobre os territórios que, tradicionalmente e á luz do direito histórico, eram portugueses. É neste sentido que o conceito de "ciência e tecnologia tropicais" assume toda a sua relevância. multiplicando-se em estractos de análise diferenciados: compreender os processos de produção e apropriação de saberes científicos e tecnológicos no duplo eixo metrópole/colónia, estudar a dimensão política, de poder, subjacente às escolhas no domínio da ciência e da técnica, traçar os percursos das relações entre centro(s) e periferia(s).
Este projecto permitirá, pois, na perspectiva da História de Portugal, compreender melhor a anatomia da modernidade portuguesa e, particularmente o papel da ciência e da tecnologia (agentes e instituições), no âmbito europeu, integrar e estudar o caso português no contexto do processo de mundialização da ciência e da tecnologia.