A mobilidade automóvel em Portugal. A construção do sistema socio-técnico, 1920-1950
Faculdade de Ciências e Tecnologia da NOVA, Edifício IV, Sala de Actos
19 dezembro 2013 · 15h00
Tipo de prova
História, Filosofia e Património da Ciência e da Tecnologia (FCT/UNL) e História Cultural (Paris 3, U. Sorbonne Nouvelle)
Resumo
Esta tese aborda a institucionalização do sistema socio-técnico que permitiu a mobilidade automóvel de 1920 a 1950, em Portugal, um país originalmente não produtor de veículos automóveis e tecnologicamente periférico, através do estudo de dois dos seus aspectos, que são complementares: a regulação da circulação dos automóveis e a adaptação das estradas aos novos veículos motorizados. É um estudo da apropriação e da construção deste sistema através das acções de utilizadores, engenheiros, legisladores, clubes automóveis, serviços de viação ou órgãos de administração rodoviária. No período analisado, apesar das taxas de motorização serem baixas, o sistema socio-técnico institucionaliza-se e estabiliza-se, acompanhando e dialogando com a definição de standards internacionais e criando estruturas que influenciariam o desenvolvimento deste sistema durante a segunda metade do século XX.
A forma como a institucionalização do sistema da automobilidade foi levada a cabo permitiu não apenas um importante aumento do transporte rodoviário comercial (em detrimento do desenvolvimento dos caminhos-de-ferro), como protegeu uma cultura elitista do uso dos automóveis particulares e o desenvolvimento do turismo automóvel, patente na regulação da circulação e na construção de estradas de turismo, com características técnicas e orçamentos especiais. Permitiu, ainda, o desenvolvimento da engenharia rodoviária em Portugal com a criação de um órgão autónomo de administração rodoviária e com a formação de vários engenheiros que construíram uma obra que foi apropriada pelo discurso do Estado Novo como símbolo da sua realização e de modernidade. Estes actores participaram na elaboração de conhecimento técnico e participaram também nas negociações de normas sociais e morais e na construção de representações ao nível das práticas dos utilizadores, dos discursos e da materialidade deste sistema.
Palavras-Chave
Sistema socio-técnico; mobilidade automóvel, Portugal, Estado Novo, estradas, automobilistas
Constituição do Júri
- Maria Paula Pires dos Santos Diogo (orientadora) Professora Catedrática, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa
- Catherine Bertho Lavenir (orientadora), Professeur des Universités, Université de la Sorbonne Nouvelle
- Álvaro Ferreira da Silva, Professor Associado, Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa
- Anne-Françoise Garçon, Professeur des Universités, Université Paris I - Panthéon-Sorbonne
- António Manuel Nunes dos Santos (presidente), Professor Catedrático, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa
- Magda Pinheiro, Professora Catedrática, ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa
- Claudia Poncioni (arguente), Professeur des Universités, Université de la Sorbonne Nouvelle
- João Rocha de Almeida, Professor Associado, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa
- Ana Paula Silva (arguente), Professora Coordenadora, Escola Superior de Educação Almeida Garrett, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias